Ciência & Tecnologia

O Bioconcreto pode ser uma alternativa ao concreto tradicional?

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Todos nós sabemos que o concreto é o material mais utilizado em construções. Todos os anos, um volume de cimento, equivalente ao do Monte Everest, é usado em projetos de construção. Estes volumes de cimento contribuem para um aumento das alterações climáticas globais, havendo a emissão de dióxido de carbono em grandes quantidades. Você sabia que o cimento usado como agente de ligação no concreto é responsável por mais de 5% das emissões globais dos gases de efeito estufa? Pois bem, a história não termina por aqui!

O calcário usado na produção de cimento contribui para a liberação de GEEs (Gases de Efeito Estufa) em grandes volumes. Você sabe como? Quando o calcário é superaquecido a mais de 880°C por meio de um processo de calcinação, há a emissão descontrolada de dióxido de carbono. Sim, sabemos que ler tudo isso é muito assustador, porém tentaremos melhorar o seu dia! E se disséssemos que uma substância neo-viva tem tudo a ver com salvar nosso planeta? Sim, você leu direito. O concreto à base de bactérias (bioconcreto) pode não ser usado ainda em todas as aplicações de construção, mas pode reduzir as emissões globais. Um alívio em meio ao caos, né? Vamos descobrir mais sobre esse concreto milagroso.

A mágica está nos constituintes

O concreto à base de bactérias compreende duas bactérias distintas, calcário finamente moído e areia. A combinação é ainda misturada com nutrientes de bactérias, ureia e água. Você deve estar pensando que este concreto também contém calcário, então como ele é diferente? Bem, este concreto pula o processo de aquecimento. Em vez do calcário ser aquecido, a adição da bactéria específica gera ácido acético e lático. Esses dois ácidos reduzem o valor de pH da mistura e liberam íons de carbonato e cálcio enquanto dissolvem parcialmente o calcário. A bactéria também cria uma enzima que divide a área, o que faz com que o pH aumente. Por fim, há uma formação de cálcio juntamente com os cristais de carbonato de cálcio, sendo esses cristais que se tornam o agente de ligação no concreto.

Uma mistura úmida de areia reproduzindo cópias

Você sabe onde encontrar carbonato de cálcio? Este composto rígido pode ser encontrado em conchas, pérolas e rochas. No entanto, a beleza desse concreto é que ele usa bactérias fotossintéticas que absorvem nutrientes, luz solar e dióxido de carbono para produzir CaCo3. Os cientistas começaram a cultivar a bactéria em uma mistura morna de água salgada com outros nutrientes, além de combiná-la com gelatina e areia. Ao despejar a mistura dentro de uma forma, foi deixada para esfriar para que a gelatina endurecesse. Depois que a gelatina esfriou por completo, ela foi capaz de estimular ainda mais o crescimento bacteriano. Como resultado, o lodo macio se transformou em uma substância mais dura em um dia. Como todo o processo depende de bactérias, elas irão ajudar na construção dos tijolos. Com as bactérias se mantendo vivas, mais tijolos serão produzidos posteriormente.

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Devido à sua capacidade de regenerar suas próprias fissuras, o concreto bacteriano é capaz de se autorreparar, economizando mão de obra na construção civil e custos de manutenção.
Imagem: WEG

Vantagens do Bioconcreto

  • Ele irá autorreparar suas rachaduras sem o envolvimento de um assistente externo.
  • Comparado ao concreto comum, a resistência à flexão e à compressão no concreto bacteriano é maior.
  • O bioconcreto irá resistir aos ataques de congelamento e degelo.
  • Com esse novo concreto, a permeabilidade será reduzida, havendo uma diminuição na permeabilidade do concreto.
  • Esse concreto reduzirá a corrosão do aço devido à formação de fissuras, além de aumentar a durabilidade do concreto reforçado com aço.
  • Esse material pode ser benéfico para a construção em ambientes hostis como desertos e até mesmo no espaço.
  • É uma alternativa de baixo carbono ao concreto tradicional que usamos, assim, irá absorver os gases de efeito estufa durante a construção do edifício, em vez de liberá-los.
  • Ele prolongará a vida útil das estruturas, melhorando-as significativamente. A presença de carbono será reduzida além do custo total para construir as estruturas.
  • A bactéria irá induzir métodos de autocura que reduzirão o escopo dos reparos necessários devido à ruptura.
  • O oxigênio induz a corrosão, porém as bactérias vivem de oxigênio. Assim, os casos de avaria irão reduzir.
  • Cientistas acreditam que o bioconcreto possa fortalecer estruturas de construções e dessa forma diminuir os estragos causados por terremotos e desastres naturais.

Considerações finais

Embora os pesquisadores ainda não reconheçam o potencial do Bioconcreto, essa mistura biológica pode certamente ser o futuro das nossas novas construções. Pode ser uma alternativa excepcional ao concreto tradicional, pois não exerce nenhum impacto negativo na saúde, além das bactérias terem um efeito positivo na resistência do concreto. Portanto, diga adeus às rachaduras e espere até que esse extraordinário cimento domine o mundo.