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Tribunal de Haia: o que é e como funciona o Tribunal Penal Internacional?

tribunal de haia

O Tribunal Penal Internacional (TPI), também conhecido como Tribunal de Haia, é uma corte internacional criada em 2002 com a finalidade de julgar crime s contra a humanidade, genocídio, crime s de guerra e agressão. Ele é responsável por investigar e processar indivíduos acusados desses tipos de crimes, quando os tribunais nacionais não possuem capacidade ou vontade de fazê-lo.

O TPI está sediado no Palácio da Paz, na cidade de Haia, na Holanda (Países Baixos), e possui jurisdição sobre 123 países que ratificaram o Estatuto de Roma, tratado que criou a corte. O Brasil é um desses países e, portanto, está sujeito à jurisdição do TPI.

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Estatuto de Roma

O Estatuto de Roma foi escrito em resposta à necessidade percebida de estabelecer um tribunal internacional permanente para lidar com crimes graves de alcance internacional, como genocídio, crimes de guerra, crimes graves contra a humanidade e o crime de agressão. Antes da criação do Tribunal Penal Internacional (TPI), ou Tribunal de Haia como também é conhecido, os tribunais internacionais ad hoc eram estabelecidos para julgar crimes ocorridos em conflitos específicos, como os Tribunais para julgar os genocídios da ex-Iugoslávia e de Ruanda.

A história e a ideia por trás do Tribunal de Haia (TPI) era criar uma instituição permanente que pudesse lidar com tais crimes independentemente de onde ocorressem e sem depender da criação de tribunais específicos para cada situação. A Conferência Diplomática de Plenipotenciários em Roma, em 1998, reuniu representantes de vários países para negociar e redigir o Estatuto de Roma, que estabeleceu as bases para a criação do Tribunal de Haia (TPI).

O TPI foi concebido como um meio de promover a responsabilização por violações graves do direito internacional humanitário e dos direitos humanos. A criação do tribunal reflete um esforço internacional para garantir que indivíduos responsáveis por tais crimes sejam julgados e responsabilizados, independentemente de sua posição política ou nacionalidade. O Estatuto de Roma entrou em vigor em 2002, marcando o início das operações do Tribunal Penal Internacional.

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Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda. Foto: ONU/ICJ-CIJ

Como funciona o processo de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Tribunal de Haia, o Tribunal Penal Internacional?

No Tribunal de Haia (TPI), os processos são conduzidos por uma equipe de procuradores que investigam as alegações de crimes e determinam se há evidências suficientes para apresentar acusações formais. Se o tribunal decidir seguir com o caso, o suspeito é notificado e pode ser preso ou se entregar voluntariamente ao tribunal.

O processo perante o Tribunal de Haia (TPI) envolve várias etapas:

1 . Investigação:

• O processo muitas vezes começa com uma investigação realizada pelo Gabinete do Procurador do TPI. Essa investigação pode ser iniciada com base em denúncias, informações de Estados-membros ou outras fontes.

2 . Pedido de Autorização de Investigação:

• O Procurador do TPI deve solicitar a autorização aos Juízes da Câmara de Pré-Julgamento para iniciar uma investigação formal. Os Juízes avaliam se há fundamentos suficientes para autorizar a investigação.

3 . Acusação e Mandado de Prisão:

• Se a investigação resultar em evidências suficientes, o Procurador apresenta uma acusação formal e solicita um mandado de prisão contra os suspeitos.

4 . Primeira Comparência:

• Os suspeitos são trazidos perante os Juízes da Câmara de Pré-Julgamento para sua primeira comparência. Nesse momento, eles são informados das acusações contra eles e de seus direitos.

5 . Confirmação de Acusações:

• Os Juízes da Câmara de Pré-Julgamento avaliam a evidência apresentada e decidem se há fundamentos suficientes para confirmar as acusações. Se as acusações forem confirmadas, o caso é encaminhado para o julgamento.

6 . Julgamento:

• O caso é encaminhado à Câmara de Julgamento, onde ocorre o julgamento. Durante o julgamento, as partes apresentam suas evidências, testemunhas são ouvidas, e os Juízes decidem sobre a culpabilidade ou inocência do acusado.

7 . Sentença:

• Se um réu for considerado culpado, os Juízes determinam a sentença. O TPI não impõe a pena de morte; as sentenças podem incluir prisão perpétua ou anos de prisão.

8 . Recurso:

• Ambas as partes têm o direito de recorrer da decisão. O recurso é ouvido pela Câmara de Recursos, uma instância superior.

O TPI visa garantir julgamentos justos e imparciais, e sua jurisdição se estende a indivíduos, não a Estados. O tribunal visa responsabilizar os autores de crimes graves e contribuir para a prevenção desses crimes. Vale ressaltar que a eficácia e a aceitação do TPI têm sido temas de discussão e desafios desde sua criação.

Quantos e quais são os tipos de crimes julgados pelo Tribunal de Haia?

O Tribunal de Haia (TPI) tem jurisdição sobre 4 tipos de crimes: genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e o crime de agressão. Cada um desses tipos de crime é definido no Estatuto de Roma, tratado que estabeleceu o tribunal.

1 . Genocídio:

O genocídio é definido como qualquer um dos seguintes atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso:

• Assassinato de membros do grupo;

• Lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;

• Imposição deliberada de condições de vida calculadas para provocar a destruição física total ou parcial do grupo;

• Medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;

• Transferência forçada das crianças do grupo para outro grupo.

2 . Crimes contra a humanidade:

Os crimes contra a humanidade são atos cometidos como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil, com o conhecimento do ataque. Esses atos incluem:

• Assassinato;

• Extermínio;

• Escravidão;

• Deportação ou transferência forçada de população;

• Prisão ou outra forma de privação grave da liberdade física;

• Tortura;

• Estupro, escravidão sexual e outras formas de violência sexual de gravidade comparável;

• Perseguição de um grupo ou coletividade com identidade própria por motivos políticos ou quaisquer outros motivos universalmente reconhecidos como inaceitáveis à luz do direito internacional;

• Desaparecimento forçado de pessoas;

Apartheid;

• Outros atos desumanos de caráter semelhante que causam intencionalmente grandes sofrimentos ou atentam gravemente contra a integridade física ou a saúde mental.

3 . Crimes de guerra:

Os crimes de guerra são atos cometidos durante um conflito armado que constituem violações graves das leis e costumes da guerra. Eles incluem:

  • Homicídio intencional;
  • Tortura ou maus-tratos;
  • Doutrinação ou tratamento cruel;
  • Tomada de reféns;
  • Intenção de matar;
  • Ataques contra civis;
  • Uso indevido da bandeira branca;
  • Ataques contra objetos culturais, religiosos e históricos;
  • Pilhagem;
  • Condução de uma pessoa à força;
  • Tratamento desumano das partes em conflito;
  • Uso de armas e métodos proibidos.
4 . Crime de agressão:

• O crime de agressão é definido como o uso da força armada por um Estado contra a soberania, integridade territorial ou independência política de outro Estado, sem a autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Esses tipos de crimes julgados pelo Tribunal de Haia são considerados os mais graves violações dos direitos humanos e do direito internacional. O tribunal foi estabelecido para julgar indivíduos responsáveis por esses crimes, e sua jurisdição se aplica apenas a eventos ocorridos após 1º de julho de 2002, quando o Estatuto de Roma entrou em vigor.

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Qual a diferença entre o Tribunal Penal Internacional (Tribunal de Haia) e a Corte Internacional de Justiça?

O Tribunal Penal Internacional (TPI) e a Corte Internacional de Justiça (CIJ) são ambos tribunais internacionais, mas com funções e características diferentes. Enquanto o TPI julga indivíduos por crimes graves contra os direitos humanos, a CIJ é responsável por resolver disputas legais entre Estados.

1 . Tribunal Penal Internacional (TPI) ou Corte Penal Internacional (CPI) ou ainda, Tribunal de Haia:

O TPI é uma corte permanente que julga indivíduos por crimes de genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e o crime de agressão. Sua jurisdição é complementar à dos tribunais nacionais, o que significa que ele atua quando os tribunais nacionais são incapazes ou não desejam julgar os casos.

O TPI tem a responsabilidade de processar e julgar indivíduos, não Estados.

2 . Corte Internacional de Justiça (CIJ) ou Tribunal Internacional de Justiça (TIJ):

A CIJ é o principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU). Sua função é resolver disputas legais entre Estados soberanos. Ela emite pareceres consultivos sobre questões jurídicas submetidas a ela por órgãos e agências especializadas da ONU, pela Assembleia Geral, pelo Conselho de Segurança e por tribunais nacionais.

A CIJ trata de disputas entre Estados, mas não julga indivíduos por crimes.

Enquanto o TPI tem jurisdição limitada a crimes cometidos após 1º de julho de 2002, a CIJ tem competência para resolver qualquer disputa legal entre Estados, independentemente da data em que ocorreu.

Tanto o Tribunal Penal Internacional (TPI ou Tribunal de Haia) quanto a Corte Internacional de Justiça estão localizados no complexo do Palácio da Paz, na cidade de Haia, na Holanda (Países Baixos). Essa proximidade física pode às vezes levar a confusões informais entre os termos “Tribunal de Haia” ou “Corte Internacional de Justiça”, mas é importante entender que são instituições diferentes com funções distintas.

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Quantos e quais os julgamentos já realizados pelo Tribunal de Haia?

Na história do Tribunal de Haia (ou TPI), desde sua criação em 2002 já foram conduzidos diversos julgamentos e emitido muitas sentenças. Até o momento, foram concluídos 28 casos, que resultaram em 10 condenações e 18 absolvições.

Entre os casos mais conhecidos estão: a condenação de Thomas Lubanga Dyilo, líder do grupo armado União dos Patriotas Congolenses (UPC), por recrutamento e uso de crianças soldados; a absolvição do ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, e do seu ministro da juventude, Charles Blé Goudé, por crimes graves contra a humanidade; e a condenação em primeira instância do ex-presidente da República Democrática do Congo, Jean-Pierre Bemba, por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na República Centro-Africana.

Além disso, ainda há casos em andamento no TPI, como o julgamento do ex-líder da milícia LRA, Dominic Ongwen, e o chamado “Caso Quênia”, no qual são julgados o presidente e vice-presidente do país quando ocorreram violências pós-eleitorais em 2007.

Conclusão

Os tribunais internacionais, como o Tribunal Penal Internacional e a Corte Internacional de Justiça, são instrumentos importantes para garantir que os responsáveis por graves violações dos direitos humanos sejam julgados e responsabilizados. Embora ainda haja muito a ser feito na área da justiça internacional, esses tribunais representam um avanço significativo na proteção dos direitos humanos e no combate à impunidade. É fundamental que os países apoiem e cooperem com essas instituições para garantir que os crimes mais graves não fiquem impunes.